domingo, 16 de novembro de 2008

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Quarteto Latorre



Hélcio Latorre (flauta), Thomas Howards (violão), Camila BomFim (contrabaixo) e Nelson Carneiro (bateria)

sábado, 1 de novembro de 2008

Novos Modelos Educacionais

Por Marta Alvim

Basta entrar numa sala de aula do ensino formal para nos depararmos com um cenário no mínimo desanimador: a velha lousa, suporte para cópias intermináveis, muitas vezes extraídas integralmente dos livros didáticos ultrapassados, o tablado hierárquico, carteiras alinhadas e alunos sem o menor interesse em aprender.
Associado à estrutura tradicional das salas de aula, o Plano Nacional de Educação (PNE), através dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), norteia como e quais caminhos devem ser trilhados pelas instituições educacionais nos seus planos de ensino.
A questão é que, para muitos especialistas em educação, os parâmetros são uma utopia. Segundo eles, o documento é perfeito na formulação, mas não é aplicado como deveria, sobretudo pela difícil compreensão do conteúdo.
“O grande problema é que esses parâmetros misturam conteúdo, metodologia, processo e ainda têm uma carga de ideologia. É uma salada. Quer ser muito amplo, quer garantir democracia, mas acaba sendo ambíguo”, afirma João Batista Oliveira, consultor e criador do programa Acelera Brasil, em entrevista publicada na revista Educação, nº88, agosto de 2007.
Para Magda Venancio, pedagoga com especialização em Psicologia Social, integrante do Grupo de Pesquisa de Desenvolvimento de Valores da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, (PUCCamp), e diretora da Escola Terra Brasil, de Atibaia, nenhum método deve ser uma corrente, muito menos uma armadura. O professor não pode ter seu trabalho aprisionado dentro de regras específicas: “todo profissional da área de Educação deveria vir de seu curso de formação com a possibilidade de pensar o que é melhor para o aluno em determinado momento, e ter a liberdade de poder escolher qual conteúdo será mais bem aproveitado. Um único método não serve para atender à diversidade de alunos dentro de uma sala de aula. A educação deve privilegiar a aprendizagem, não o método”, ressalta.
Venancio critica ainda a falta de qualificação dos professores, que segundo ela, fortalece o ciclo das deficiências: “jovens que tiveram uma formação básica deficiente são os que mais procuram os cursos superiores na área. Pelas dificuldades em ingressarem numa boa universidade pública, acabam sendo levados a optar pela licenciatura em Pedagogia. Estes cursos por sua vez não oferecem algumas disciplinas indispensáveis para os educadores, fato que coloca o professor refém de suas limitações, e o ciclo se repete”.
A Antropologia é uma dessas disciplinas, que embora não seja exigida nos currículos é indispensável na prática social diária em âmbito escolar. Em países desenvolvidos ocorre o inverso. Os professores são qualificados, respeitados pela formação intelectual e cultural. O resultado é o índice excepcional do desenvolvimento educacional.
No centro das discussões das últimas décadas, no Brasil e em outros países, a educação vem sofrendo transformações. As mudanças sociais, tecnológicas e culturais têm apressado o processo em busca de novos padrões de aprendizagem.
Em Portugal, surgiu há mais de 25 anos um modelo revolucionário de ensino. Na cidade do Porto, a Vila das Aves abriga a Escola da Ponte. De estrutura física simples, sem piscinas ou quadras poliesportivas, a Ponte oferece o indispensável: o conhecimento e a formação de cidadãos. Os métodos de ensino são tão inovadores que foram ocultos dos órgãos reguladores do país por muitos anos.
Não existem carteiras individuais. Um único espaço é compartilhado por alunos e professores, sem separação por turmas ou idades. A competição deu lugar à cooperação. Todos colaboram com todos – uma lição social, acima de tudo.
Os alunos formam grupos de interesse e, orientados pelos professores ( mais de um por grupo de estudo), desenvolvem o conteúdo até que estejam preparados para as avaliações. A aprendizagem ocorre de forma global, sem separações ou compartimentação das disciplinas.
Em entrevista para o portal brasileiro Educacional (www.educacional.com.br), o educador José Pacheco, um dos pilares da comunidade, assim a define: “o projeto segue um modelo de escola que não é a mera soma de atividades, de tempos letivos, de professores e alunos justapostos. É uma formação social em que convergem processos de mudança desejada e refletida, um lugar onde conscientemente se transgride, para libertar a escola de atavismos, para repensar”.
Como declarou Rubem Alves: “A escola que sempre sonhei sem imaginar que existisse”.