domingo, 25 de abril de 2010

Bienal do Esquisito rompe com o espaço/tempo na arte

Uma das funções da arte contemporânea é sem duvida provocar. Nesta esteira dos sentidos, a 5ª Bienal do Esquisito traz para Atibaia um festival de arte que reunirá obras das mais variadas técnicas, incluindo performances e instalações. A novidade desta edição é a participação dos artistas agregados. “Aqui já é lá!”, tema da bienal, reserva um espaço onde o artista selecionado poderá apresentar a sua obra de qualquer lugar ou cidade desde que atenda aos objetivos e regulamento do evento. Para o curador, o Brasil possui muitos artistas bons, mas que muitas vezes pela distancia geográfica não se inscrevem.
Rompendo com a barreira espaço/tempo por meio de ferramentas tecnológicas estes artistas terão suas obras expostas na Bienal. Caro artista, conclamou Sans, você que está longe, está também perto de nós. Assim, o curador espera que obras sejam expostas em praças públicas, em locais baldios ou até em cemitérios, desde que os artistas estejam devidamente autorizados pelas instituições envolvidas.
Para quem não conhece, a Bienal foi criada por Paulo Cheida Sans, curador do grupo de gravadores Olho Latino e do Museu Olho Latino instalado no mezanino do Centro de Convenções Victor Brecheret. As três primeiras edições da Bienal do Esquisito foram realizadas em Campinas, no SESC. A 4ª edição, já em nossa cidade reuniu importantes artistas como Guto Lacaz, Caciporé Torres, Fernando Durão, Rubens Gerchman, entre outros.
Segundo Paulo Cheida, a Bienal do Esquisito tem como finalidade sintonizar o público com a arte contemporânea oferecendo um elo de comunicação entre o artista e o espectador. Por isso lançou o Manifesto do Esquisito, para poder unir a criação artística com o cotidiano das pessoas. Mais informações: www.olholatino.com.br.

Agende: Bienal do Esquisito, de 15 de maio, 17h, (abertura) até 26 de junho, no Centro de Convenções Victor Brecheret - Atibaia.

Manifesto do Esquisito
ESQUISITO é …
ESQUISITO é ajudar.
ESQUISITO é pensar.
ESQUISITO é não trair.
ESQUISITO é ser amigo.
ESQUISITO é ser artista.
ESQUISITO é querer paz.
ESQUISITO é ser honesto.
ESQUISITO é ser simples.
ESQUISITO é ser professor.
ESQUISITO é não competir.
ESQUISITO é gostar de ler.
ESQUISITO é não se vingar.
ESQUISITO é não ter inveja.
ESQUISITO é amar a esposa.
ESQUISITO é não ser ladrão.
ESQUISITO é amar a família.
ESQUISITO é valorizar o outro.
ESQUISITO é gostar dos sogros.
ESQUISITO é reconhecer o erro.
ESQUISITO é gostar de criança.
ESQUISITO é não andar armado.
ESQUISITO é gostar de escrever.
ESQUISITO é não tirar vantagem.
ESQUISITO é valorizar a gravura.
ESQUISITO é não seguir modismo.
ESQUISITO é considerar a velhice.
ESQUISITO é editar revista cultural.
ESQUISITO é valorizar a arte latina.
ESQUISITO é não gostar de violência.
ESQUISITO é gostar de ficar em casa.
ESQUISITO é achar o mundo atrasado.
ESQUISITO é querer fundar um Museu.
ESQUISITO é valorizar a arte brasileira.
ESQUISITO é fazer a Bienal do Esquisito.
ESQUISITO é trabalhar sem fim lucrativo.
ESQUISITO é sentir tristeza com a pobreza.
ESQUISITO é valorizar o artista do interior.

O ESQUISITO
Paulo Cheida Sans

domingo, 18 de abril de 2010

domingo, 11 de abril de 2010

Bolsa livro: a Universidade de São Paulo investe na leitura de seus alunos

A cultura da avaliação, em boa hora implantada nos diferentes níveis do ensino, no que se refere ao ensino fundamental, tem dado oportunidade a que de norte a sul, diferentes vozes se façam ouvir na esteira dos irrefutáveis e sombrios diagnósticos da educação brasileira. Diagnósticos tanto mais sombrios quando, recentemente, prova de avaliação de docentes da rede pública paulista mostrou o grande despreparo de fração significativa do magistério. Sem professores competentes, não há ensino competente.
Face ao descalabro, não faltam nem propostas nem acusações. Se as primeiras são tímidas, as últimas costumam ser espalhafatosas. Dentre as propostas, as mais alvissareiras são as que divulgam iniciativas e projetos que, por terem a aval de instituições que gozam de credibilidade podem inspirar réplicas.
É neste contexto que ganha vulto uma iniciativa da Universidade de São Paulo (USP) que, fiel a seu projeto de aliar equidade e competência em seus projetos sociais, como o de permanência dos alunos, inclui, no orçamento para 2010 , uma bolsa livro.
A iniciativa inspira-se na crença de que a sala de aula e a voz do professor não constituem o único espaço nem o único instrumento de aprendizado. Tampouco apenas laboratórios e computadores. O conhecimento, é verdade, circula por vários caminhos, mas circula sobretudo pelas linhas e entrelinhas dos livros. E da mesma forma que a universidade se preocupa com alojamento e alimentação de seus estudantes mais carentes, é preciso que ela também lhes faculte um trânsito mais desenvolto pela cultura letrada.
Pois, se a fragilidade das práticas de leitura estão na base da precariedade dos resultados conseguidos pela escola brasileira – desde sua base – uma ação no patamar mais alto do sistema educacional pode qualificar o cenário dos patamares intermediários. Sobretudo na área de humanas – cujos egressos em boa parte habilitam-se para o magistério- a leitura é fundamental, e não apenas a leitura de livros didáticos, técnicos e especializados.
Se a bibliografia básica de cada área é obrigação da universidade providenciar – e o sistema de Bibliotecas da USP é zeloso nesta função- a bolsa-livro tem por horizonte a formação de leitores, de jovens leitores apaixonados pela leitura, que não vêem fronteiras entre os gêneros, e que já sabem ou que vão aprender que têm nos livros parceiros indispensáveis para a grande aventura do conhecimento em nome da qual chegaram à nossa universidade. É exatamente para isto que a bolsa-livro existe.
Serão, neste primeiro ano, quinhentas bolsas: 10 parcelas de 120,00 reais – totalizando 1200,00 reais ano para cada aluno contemplado. Para ele comprar livros. Para ele começar ou ampliar sua biblioteca. Mas não é apenas da perspectiva do leitor que este projeto é importante: do ponto de vista econômico, esta iniciativa da Universidade de São Paulo representa também uma injeção de R$ 600.000,00 anuais no mercado livreiro.
Cifra nada desprezível e que pode e deve esperar uma contrapartida, como por exemplo a de venda de livros mais baratos para os estudantes beneficiados com esta bolsa. Particularmente as editoras universitárias – a exemplo do que a EDUSP já planeja – são parceiras naturais deste projeto. E, na esteira delas, com certeza a Câmara Brasileira do Livro será também interlocutora privilegiada nas propostas e alternativas para sua implementação.
Neste ano em que o mundo brasileiro dos livros e dos leitores foi tão duramente atingido pela morte de José Mindlin, a iniciativa desta bolsa-livro é um preito de saudade, que evoca a figura alegre e generosa do intelectual que sempre se considerou depositário dos livros de sua fantástica biblioteca, parte da qual, em breve estará na Cidade Universitária .
Dar o nome de José Mindlin a esta bolsa pode ser o gesto de reconhecimento e homenagem de nossa universidade a seu grande amigo, que se fará presente cada vez que um livro, tornado acessível através desta bolsa, faça um jovem sorrir de felicidade: afinal, o ex-libris de José Mindlin rezava: je ne fais rien sans gaieté .

Artigo de Franco Lajolo foi Vice-Reitor da USP - 2006/2009.

domingo, 4 de abril de 2010

Presenças ilustres na abertura do projeto Marginália



O projeto Marginália, que acontece de 8 a 29 de abril, no Teatro SESC Campinas apresenta um recorte sobre as manifestações da cultura marginal, que teve seu período de maior visibilidade nos anos 1960/70, e suas reverberações até os dias atuais. A marginália será apresentada, discutida e revista em mesas de diálogos, shows, espetáculos, performances e oficinas. Na programação a presença de personalidades como Tom Zé, Jorge Mautner, Paulo Bruscky, Arrigo Barnabé, Celso Favaretto, Chacal, André Garolli, Helena Ignez, entre outros.
Na abertura, no dia 8, às 20h, o professor e diretor regional do SESC SP, Danilo Santos de Miranda, fará uma abordagem histórica dos anos 60/70, contextualizando a ação da instituição neste período. Junto dele, estará o artista e crítico de arte Fernando Cocchiarale, comentando sobre a arte da época marginal e seus possíveis caminhos. Os interessados devem confirmar presença pelo e-mail protocolo@campinas.sescsp.org.br.
O professor Danilo Santos de Miranda é Diretor do Departamento Regional do SESC SP desde 1984, formado em Filosofia e Ciências Sociais, conselheiro do MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, do MASP – Museu de Arte de São Paulo – e do Art for the World/Suíça, além de participar da diretoria do International Institute for Cultural Enterprise de Nova Iorque.
Fernando Cocchiarale é o artista plástico pioneiro na utilização do vídeo como forma de expressão. É também crítico de arte e professor do Departamento de Filosofia da PUC-RJ e da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, além de Curador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Além disso, haverá, na mesma noite, às 21h30, a apresentação da performance Zona de conforto/ Zona de confronto, pelo artista plástico paulista Shima, que se utiliza de uma fita de isolamento zebrada num espaço público para revelar a dicotomia existente entre o conforto da proteção e o confronto de suas ações no meio urbano. Informações: www.sescsp.org.br e ou (19) 3737-1500